Cansado,
desgraçado,
eu
sem dinheiro,
mas com o coração
batendo desengonçado
e a coação dos meus.
Sentado, na beira do pier
jogando xadrez, comigo mesmo,
onde dizem que fico a ver navios,
mas onde até hoje não vi navio algum.
Desisto desse jogo,
e jogo as peças e o tabuleiro,
acho uma concha de caramujo,
da para ouvir o mar;
posso sentir o cheiro...
Parece que
a noite,
pelo menos,
o mar me ouve...
Mas só parece,
porque o mar
não tem audição.
Agora sei que passo a impressão
de que me faço de surdo para o universo,
mas, por vezes,
sinto que todo esse universo
é que se faz de surdo para mim.
"Universo de pessoas",
que não são um "uníssono",
se desesperam em dúvidas,
brigam por dívidas,
juram, e jogam
coisas indevidas
que não estão divididas
em seus devidos lugares.
Me incomodam,
vulgares!
Fantasio...
Que bom seria...
Se o "homem médio e a mulher honesta"
e os ignorantes que amam
o que até para os dementes seria escalafobético,
fossem escanchelados por seres malacafélicos!
Comuns,
me perturbam!
Pois não estão organizados,
por ordem ou função,
e por serem todos tão comuns,
recebendo ordens,
exercendo somente suas funções,
para no fim de semana ligar a televisão
e ver nádegas ao lado dos filhos.
Ora, se querem ver nádegas,
vão a praia,
ao parque!
Desenhem nádegas!
Aprendam a esculpir bundas!
Mas ainda digo,
precisam de ordem!
Mas ordem sem obrigação.
não um exercito,
não!
O ser humano ainda
tem sua ordem natural?
Vagabundos, que sejam!
Mas que raciocinem e deixem
esse júbilo pelo bélico!
Sem poluição sonora,
nesse mar
um terceiro banho,
até que me cairia bem.
(Rhangel Ribeiro)
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