quarta-feira, 3 de abril de 2013

O espertar repentino

E de repente
eu era poeta.

E de repente
ela sabia.

E de repente
ela era a palavra.

E de repente
nós fomos poesia.

E de repente
era todo sábado.

E de repente
 era todo dia.

E de repente
eu fiquei tão prático

que de repente
ela era uma sílaba .

E de repente
eramos dízimas,

de repente
dúzias, divisíveis...

E de repente
eramos zero,

de repente
invisíveis...

E de repente
ela era um sussurro,

e de repente
ela era um resumo,

e de repente
eu fiquei tão leve...

E de repente
eu fiquei tão burro...

E de repente
nós íamos tão longe
que de repente ela existia!

E de repente
 não fomos
nem esse"de repente"

que tanto
 se repetia.

(Rhangel Ribeiro)

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