domingo, 28 de abril de 2013

O Rei dos Bobos

O Rei dos bobos,
como em festejos juninos
sapateava e dançava elegante
nas marcações quiméricas
dos pisos extravagantes
feitos de raros
azulejos joaninos.

Ele cantava,
dançava
e caçoava do rei,
que  loucamente ria
e repetidas vezes dizia:

 "Oh, adorei! Adorei!
Mais uma vez, mais uma vez!"

Mas quando o dia morria...

O 'rei' dos bobos,
era só um bobo,

como todos os outros bobos daquela corte.

Descendo as ruas,
observando as luas,

ou aquela limpeza
de 'lençol azul escuro'
das noites desnudas
quando nem a lua da as caras...

Até ele,
o 'rei dos bobos'
chegar em casa,
tirar seu chapéu de civil,
suas sapatilhas pontudas,
quando então
já não era mesmo mais 'rei'.

Era só um ser vil...

um velhote mesquinho
que ninguém queria,

sem ter quem chore,
sem ter quem ria...

Não, não mais o 'rei',
mas um bobo só!

E sendo só um bobo,
escovava seus dentes,
com sua escova de cerdas macías
feitas com os pêlos dos porcos,

E como todos os bobos!
Olhava a água descer
em 'redemoinho',
junto com seu reflexo,
pelo ralo enferrujado da pia...

E dormia
descansando
para mais um dia,
de guizos, e risos
canções e saltos,

saltos altos,
'patifarias'
de um bobo ridículo,
de um  velho bufão,

com chapeau Bouffon!

(Rhangel Ribeiro)

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