domingo, 11 de dezembro de 2011

Garoto Problema

Vou vestir minha farda
pra me sentir  mais seguro.
Deixar crescer minha barba
pra me sentir mais maduro.

Vou acendendo um cigarro
pra me camuflar na fumaça.
Vou viver  tirando sarro
 de um jeito que só eu acho graça.

Vou beber um litro de vinho
pra me integrar socialmente.
Assim não me sinto sozinho
muito menos tão  diferente.

Depois vou sair pra gastar
o dinheiro que ainda não tenho.
Vou mudar tudo de lugar
ao som do jazz caribenho.

Eu sou um cara moderno
pareço um cara feliz.
Mas as vezes minha vida é um inferno
e sempre fica uma cicatriz.

Passo uns dias grudado na net
se preciso fugir de mim mesmo.
Vou aos doces até a diabetes,
engordo de tanto torresmo.

Mas quanto a isso não existe perigo...
antes de deprimir dou  uma festa.
Danço, canto e brigo,
pago por  injeção na testa.


Estou atrás das coisas que faço
uns admiram, outros tem pena.
Alguns me chamam  homem de aço
outros me chamam garoto problema.

(Rhangel Ribeiro)

sábado, 26 de novembro de 2011

Tragicômico

Essa é a historia de um cara:

Um estranho bateu sua porta
oferecendo-lhe  balas especiais
dizendo " Essa bala corta
os problemas sentimentais."

Na hora ele aceitou
a bala milagrosa
entrou, se sentou
e engoliu uma com gazoza.

Com uma única bala
ele perdeu a noção
e convidou os ratos do porão
para um pequeno jantar de gala.

E nessa "galinha"
ficaram até as 8.
Ele comeu empadinha
e os ratos biscoito.

Conversaram e beberam
duas ou três taças de vinho.
Depois das 8 e meia ele pulou e dançou sozinho
e os ratos cantaram.

Depois tomou café
com leite de rosas.
Pegou o copo com o pé
e achou a coisa mais gostosa.

O criado mudo
lhe contou anedotas.
Viu a cama virar  X tudo,
gafanhoto dando cambalhota.

Viu borboletas coloridas
e o céu dentro de casa.
Viu o frango voltar a vida
e viu que tinha ganhado asas.

E nessa alegria
subiu até o ultimo andar
e pulou lá de cima
achando que ia voar.

FIM

.



(Rhangel Ribeiro)

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os vários nãos

Não julgue se não for mais velho.
Não se julgue velho até começar a resmungar.
Não resmungue se não for levado a sério.
Não leve a sério alguém que só quer brincar.
Não brinque com quem tem o pavio curto.
Não curta tudo o que te faz calar.
Não se cale tendo isso como fuga.
Não fuja quando a guerra começar.
Não comece uma guerra de proposito.
Não tenha um proposito subliminar.
Não sublinhe se não for importante.
Não se importe se não for incomodar.
Não incomode os amigos e as visitas.
Não visite alguém na hora do jantar.
Não jante com os cotovelos sobre a mesa.
Não coma a sobremesa antes de rezar.
Não reze para objetos e seres inanimados.
Não se anime se o momento é de chorar.
Não chore quando levar um não.
O 'não' é uma palavra mágica.


(Rhangel Ribeiro)

sábado, 10 de setembro de 2011

Das coisas entre o céu e a terra...

Entre o céu e a terra partículas
De oxigênio compunham o ar
Pilares humanos de terras longínquas
Constroem a arte a cantar...

Entre o céu e a terra
A vastidão dos oceanos
que fazem querer ser peixes
os pobres seres humanos.

Entre o céu e a terra
Fagulhas, poeiras de sonhos...
E a natureza chora rasteira
“Vivendo” em pleno abandono.

Entre o céu e a terra
um silêncio e uma brisa pouca
como aquele silêncio no espaço
entre o nariz e a boca.

Rhangel Ribeiro e Luana Lagreca

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Olga e a alga

Olga viu o mar e entrou na água,

resolveu tomar um banho.
Olga viu uma alga
e na alga viu algo de estranho.
Olga nunca tinha visto
uma alga daquele tamanho.


Olga viu algo na água:
Eram algas de montão,
e algo escondido nas algas
chamou a sua atenção.


Olga então se viu fascinada
e embrenhou-se na floresta de algas.
Sonhava ser a sereia 
que ouvira nos contos de fada.
Sua mãe a esperava na areia
e as algas já lhe cobriam a nalga.


Então,  Olga no meio das algas
viu uma porta quadrada.
Olga entrou pela porta
e por ali não tinha nada.
A porta não mais se abriu,
e Olga morreu afogada.



Rhangel Ribeiro

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Poema confuso de alguém perdido

Não sei pra onde vou.
Não sei me definir.
Não sei bem quem eu sou.
Não sei pra onde ir.

Dentro de mim sou vários,
e também  só mais um ninguém.
Sou tudo: O malandro, o otário...
Procurando ser alguém.

Dentro do próprio labirinto,
procurando me encontrar...
Sou fingidor e nunca minto.
Em lugar nenhum, em todo lugar.

Acho que estou perdido,
em meio aos EUs que inventei.
Em todos os sentidos
e sem sentido o  que vai ser...
Não sei.

 (Rhangel Ribeiro)


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Preguiçoso

Preciso dormir um pouquinho
não quero sair lá fora,
por favor,  me deixe sozinho
feche a porta e vá embora.


Pare de me acordar,
me deixe aqui...só mais um pouquinho.
Eu preciso descansar.
Por favor,  me deixe sozinho.


Preciso ficar só,
só por agora.
Não tenha pena nem dó.
mas preciso de mais uma hora.

Mãe...ainda é cedo.
Me deixe ficar aqui deitado.
Não...não é por medo
É que tenho um sonho e não foi acabado.
                                                                           Rhangel Ribeiro

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Passo

Passo a vida no liquido escuro
das garrafas de café passado.
Passei o negro passado impuro,
passo  puro, presente errado.

Espero passar meu futuro,
passo tudo assim assado.
No proximo passo imaturo
se errar passo calado.

Passarei por cima do muro.
Passarei o amarrotado.
Passarei por cima de tudo.
Passarei o nescessário.

Não sei se meu passo é seguro
mas passo pela vida de gado.
Passarei mais um apuro
e quando acabar serei passado.


                                                                       (Rhangel Ribeiro)

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

CEDINHO

Ao som do bater das canelas
e do desenho do Tico e Teco,
grito Deus da Janela
e me responde o meu eco.

Falo comigo calado*
Deus deve estar ocupado
enquanto escrevo esse verso.

E também deve estar cansado
pois a ele compete o cuidado
de atender todo o universo.

Pensando encafifado
volto a cuidar dos meus trecos*
Deus , eu entendo teu lado,
Sou bicho homi e malvado,
é melhor cuidar dos marrecos.


                                                                                         Rhangel Ribeiro

domingo, 31 de julho de 2011

Sobre conversar com o vento

Nos dias em que não papeio
com senhores ou senhoras. 
Eu jogo palavras ao vento 
e a conversa vai embora. 

Por isso te recomendo: 
proseie com o vento agora, 
não jogue fora todo tempo 
que você pode ganhar 
jogando conversa fora. 

Para isso esteja atento, 
o vento não marca hora, 
seu som só vem com o silêncio 
que muita gente ignora. 

O vento não exige cumprimento, 
sorrisos, assuntos e muito menos cobra 
pela palavra que falta, pelo papo que sobra. 
Dizem que Deus com um sopro de vento 
criou toda a fauna e a flora, 
e todo o invento sagrado 
que hoje o cimento devora. 

Dizem que o vento não tem sentimentos 
mas acredite... O vento chora, 
e quanto mais a cidade corre 
muito mais o vento demora. 

O vento não pede agradecimento 
e não exige multa ou mora, 
o vento só pede um momento, 
pra ser sentido noite adentro 
e quem sabe 
alma afora.

(Rhangel Ribeiro)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

"Bença, vô"

saudades do meu vé-inho
trazendo bolachas Maria,
comendo o piroto, quietinho
observando a sua cria

meu vô hoje me faz falta
meu vô sabia abraçar
meu vô tinha glicose alta
mas a vida soube adoçar

conversava co'os vizinhos
sobre tudo que ele via
de boina, a mascar matinho
só viver é o que queria

me lembro, co'ele vé-inho
fomos a churrascaria
o velho, jeito quietinho
só olhava pra prataria

o velho fazia paçoca no
velho pilão de madeira
meu vô me pegou no colo
meu vô me deu mamadeira

meu vô observava os pássaros
sorria das brincadeiras
o velho vivia a vida e
também falava besteira

quando o velho foi embora
deixou avisado que iria
deixou um vazio no peito
deixou sua prosa em poesia

digo agora: "bença, vô?"
sua resposta eu queria
"Deus te abençoe, meu filho
Deus ilumine o teu dia".

                                           Rhangel Ribeiro
                                                                 
 Revisado por Ivan Justen Santana


(este  dedico a Augusto Machado Ribeiro.. meu falecido avô )


 


terça-feira, 5 de julho de 2011

"Sunt ibi"

 Existem  bêbados na Praça Tiradentes
 vendendo seus casacos em troca de bebida,
 trajados como indigentes
 anunciam uma lenta despedida.
              
                    -

 Existem velhos artistas decadentes
 se apresentando para a multidão desconhecida
 em meio um rebanho de  gentes,
 são achados de uma geração perdida.
  
                    -

 Existe um pássaro engaiolado em minha mente
 triste e sem comida.
 Sigo aguardando doente
 o alpiste de minha vida.                                                               

                                                                                
                                                                 Rhangel Ribeiro                                     

sábado, 2 de julho de 2011

Um dia qualquer

De pijama
sento em frente a televisão,
minhas meias encardo no chão empoeirado.
Chuvisca estilete,da pra ouvir no telhado,
Meu banquete são migalhas de pão.
no fim miolos.

Enfim, mais um dia perdido.
Igual a todos os outros.
                                                              Rhangel Ribeiro

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Certas noites

Em certas noites, nem todos os gatos são pardos.
Em certas noites a lua não é feita de queijo.
Em certas noites não existem afagos.
Certas noites não terminam com beijo...

Tem certas noites que o sono não chega.
Em certas noites não se come macarronada.
Em certas noites não existem amigos.
"Certas noites" tem gosto de nada.

Em certas noites não existe alegria.
Em certas noites só existe o medo.
São estas noites as que não acabam
e são estas noites que morrem no meio.

                                                                    Rhangel Ribeiro

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Não entendeu:Deixa (o bobo na casca do Ovo) 2.0

        


                                                              Para beber: leite.  
                                                              Para comer: peixe.
                                                              Para dormir: deite.

                                                             Se não é de seu deleite,
                                                             Dê um jeito e se ajeite.
                                                             Casca quebra (avisei-te)
                                                             E você frita no azeite.




                                                                                               (Rhangel Ribeiro)
(Com revisão do grande poeta Ivan Justen Santana)

domingo, 12 de junho de 2011

Não entendeu:Deixa (o bobo na casca do Ovo)

   Para beber : Leite
   Para comer: Peixe
   Para dormir : deite
                                 Se não é de seu deleite.
                                 Da um jeito e se ajeite.
                                 A casca quebra,meu amigo.
                                 E tu vai fritar no azeite.
                                                                             Rhangel Ribeiro

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O último pesadelo

                            Me vesti de Zorro.
                            Me senti bizarro.

                            Pareci "bizorro".
                            Me tirararm sarro.

                            Montei num "bizerro".
                            Me senti um burro.

                            Defequei esterco.
                            Só faltou o zurro.

                            Com cara de medo
                            me assumi um zero.


                            Me vi um erro.
                            Merecia um murro.

                            Me assustei bisonho.
                            Em acordar um urro.

                            Fui andar de carro,
                            foi um sonho duro.



                           E é assim que eu morro.
                           de cara num muro.

                                                                                      Rhangel Ribeiro

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Enfado

Ta tudo tão parado.
Tão quieto.
Tudo no mesmo lugar.
tudo quanto é tipo de nada.
Sem a graça dos contos de fada,
que mamãe costumava contar.
                                                     
Sinceramente eu não me entendo,
essa minha personalidade peculiar.
Esse meu comportamento que é ao mesmo tempo
 rebelde e exemplar.
Esse negócio de detestar o  tédio e a agitação.
Essa coisa..."sem sal nem açúcar",
"nem arroz nem feijão".
                                   
Mas hoje é diferente.
É ainda mais evidente
o vazio em meu olhar.
Observando esse "tal tudo"sem nada pra atrapalhar.
                                                     
Continuo aqui sozinho.
Precisando de um gole de vinho.
Brincando com o pulverizador.
 Não sei se preciso de frio ou se prefiro o calor.
 Só sei que não quero estar na hora
 em que esse meu tédio de agora
 se converter em eterna dor.  

(Rhangel Ribeiro)