sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

O Manifesto social


Meus conhecidos anônimos,
meus amigos desconhecidos,
eu sou só mais um
solitário nessa multidão
de almas solitárias;

sei que esse isolamento me pune,

sei que nossa amizade é difícil,
mas sei também que algo nos une
no topo do vale do silício;

e como não vamos parar de cooperar

para esse individualismo tolo,
e de julgar o 'feio',
e de 'cuspir à distância' na inferioridade do alheio
a cada suposto 'achismo' que acharmos
ser cômico, canônico ou absurdo
desses nossos arqui-inimigos semi domésticos
sem espada e escudo.

Mesmo conscientes de que somos cobaias

nesses simuladores de sensibilidade zero,
e de que continuaremos aprisionados
nessa impossibilidade de tirar nossas bundas dessas cadeiras
com braços de prata e pernas de ferro;
mesmo nessa dificuldade de nos livrar dessas couraças 
que protegem (e arranham)  nossos corações de vidro.

Mesmo assim, nessas condições,

mesmo no pleno florescer desse egoísmo que nos habita;
creio que ainda temos capacidade e propriedade
para falar de hipocrisia, desse jogo de cartas marcadas
(se pelo menos nos convidassem...)
 para odiar esse país verde e sujo de lama;
e lutar!(pra que?)Para mudar!(o que?)
Uma palavra fala mais que uma ação
 (não?).

Eis-me aqui,

Eis-me a questão,
mais um de vocês,
reclamando de tudo,
até da reclamação...

Pedindo que se mexam!

Em nome do 'bom gosto'!
Enquanto procuro seus nomes,
nesse paraíso 'blue'
que é meu precioso
e descartável
livro de rosto.

(Rhangel Ribeiro)