sexta-feira, 3 de maio de 2013

Zé Isaac


O velho Chico
declarou a morte da canção.
O velho Quino
criou Mafalda pra uma marca de sabão.
O velho Zé Isaac
roubou uma pedra de sabão.

Mas deu azar...

Bateu de frente
com uma batida da policia militar,
foi abatido em um camburão,
e espancado, em frente ao Mercado Municipal.
R. Cap. Félix, 110 - Benfica

POW! POW!
Ploft!
As cortinas se fecham.
O povo aplaude.

Os dois primeiros?

Foram destaque no Jornal da cidade.

Zé Isaac?
Só mais um cadáver, na hora do almoço.

Zé ninguém,
Zé sem-rosto,
ninguém especial a ponto de ser
digno de aparecer em um Plantão da Globo, ou coisa assim...
Muito menos de ter um Tablet ou um Iphone.

Zézim.

Malabarista-palhaço de rua,
eu olho o redentor;
gigante de pedra-sabão,
de braços abertos
sobre o corcovado,
parecendo mais um suicida
que quer se jogar do alto de um prédio projetado por Niemeyer!

Expoente de uma geração!
De uma geração sem voz,
que não pede um guia,
mas  presta gratidão ao seu algoz!

TOMADA UM!

Respire, sorria,
palhaço!

Você está no paraíso!

Dizem que o ocorrido com as Torres Gêmeas
(obra de um árabe, compatriota de Seu Zé Isaac!)
foi o "maior ataque terrorista de todos os tempos!"

E Hiroshima e Nagasaki,
foi o que?
E eu com isso?

E eu?
Eu sou o que?

Eu vendo sentimentos
para quem não quer comprar!
E mantenho viva a luz
que não quer morrer jamais!
A geração muda,
eu-mudo.

sou a poesia,
cada vez mais muda!


(Rhangel Ribeiro)



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