quarta-feira, 22 de maio de 2013

Deapé

Como eu poderia agradecer
tanta sorte?
Tem algo de Augusto nela...
Tenho uma mão quente e pequena
em um inferno frio e sem norte.

Somos dois anjos da noite,
magriços,
perdidos,
sem penas;

apenas
rodeados
por cortiços
becos, putas,
e juntas...

E juntos,
perseguidos pelo gato de Alice,
traçando linhas sinuosas,
com nossas passadas tortas
como sinais vitais num monitor cardíaco,
como as trágicas histórias de amor
do fim do século quadrado.

Pela primeira vez não fiz nada de errado,
Ganhei um abraço forte e apertado afinal:
"-Rhangel, tenha uma boa noite!"
"-Faremos o que pudermos...
...Mesmo sem saber de nada..."

Eu, homem mal feito
que não sabia,
nem sei direito
o que é isso de 'amor'...

Caminhei entre a garoa fina,
e com o nosso fim,
o frio retornou,
com o vento
e a solidão...

Olha, veja só...
O cara que ama ficar só,
também tem um coração!

É...Eu não sabia
mesmo o que é o 'amor'...

Rhangel Ribeiro


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