quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A cruz e a aquarela

Paraíso além da paisagem,
o messias além da imagem,
a beleza da papoula
além do ópio,
longe do retorno de uma silhueta
de sentar-se sob uma  árvore de ampulhetas
e aguardar
ou procurar rever
uma combinação de caleidoscópio.

Um pintor doido e doído,
que pintava os quadros mais coloridos
mas que mostravam as cenas mais tristes;

suas tintas
eram seu sangue,
seu corpo
e espirito
transbordando e gritando:
"Grite!".

Tornando vivos sentimentos mortos
em seu campo amarelo
de mato velho
feito pepita de ouro.

Seu único tesouro
era não ser perfeito,
o artista "pronto"
estava no que lhe faltava,
em sua doce e amarga
falta de jeito.

(Rhangel Ribeiro)



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