segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Móbiles

Desligado,
em qualquer rua do centro da cidade,
desci até o subterrâneo
de uma loja com portas de vidro;

vi um teto de noite estrelada
e fileiras de berços com móbiles,
personagens, animais e galáxias
que ficavam girando e girando...
Para distrair um filho
que  ainda não havia chegado.

Ah, se nossos bebês soubessem!
Que podem ter o sistema solar ao alcance dos dedos
quando ainda não existe o medo
de demonstrar o medo que se tem!

Pobrezinhos,
eles ainda não sabem
do crescer,
do virar adulto,
do falecer
e do virar adubo.

Mas mesmo assim vão crescendo
indiscriminadamente
e deixam de chorar com toda força
sem medo de serem chamados de fracos,
e de rir naquela alegria espontânea
que, talvez, só quem não entende nada
entenda.

E envelhecem...
Até seus nomes ficarem ligados
apenas a uma lembrança,
que vai sumindo, e sumindo...
Até virar poeira.

No fim das contas
é tudo a mesma coisa,
e todas as coisas estão ligadas...
e assim como os bebês
ainda não entendemos
que todas as etapas são necessárias.

Ah, se esses bebês  soubessem!
Que não passamos da peça central de um móbile
com interrogações dependuradas ao redor,
que é parte de um móbile maior
do qual, felizmente,
não estamos no centro.

(Rhangel Ribeiro)


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