Se até a indiferença decepciona
a decepção jamais é indiferente,
perturba os iguais e os diferentes
e igualmente
os que arriscam ou ambicionam.
Ela é um fantasma com as mãos enfiadas dentro dos bolsos,
é o tumulo das ideologias vencidas,
e o calabouço dos desejos irrealizáveis.
Ela persegue os miseráveis,
os medíocres, os ricos,
o maduro e o podre
os pastores e os padres...
A decepção é, potencialmente, o abandono da esperança;
testa a fé, a descrença e provoca a piedade.
Não se importa com o que é "sagrado" ou "importante",
e é pesadelo de homens de boa, e de má vontade.
Se adaptar a ela
é fundamental para a sobrevivência humana
(e de tantos outros animais...).
A decepção não é algo novo,
mas, por vezes, faz parte do processo em que as coisas novas surgem;
pois não é apenas inerente aos fracassados, aos que erram e aos que perdem,
mas também aos que tentam,
que mudam,
que conseguem,
que se renovam,
e que ressurgem!
Ainda que tardiamente,
quando já não existem
decepções.
(Rhangel Ribeiro)
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