terça-feira, 27 de novembro de 2012

Piá


Um piá perdido no ontem,
que planejava o muito que teria;
nesse minuto constata
que o muito pouco que teve
era bem melhor na teoria.

Sem paixões, sem amor, sem companhia;
Piá, quem te vê quem te via...

No limite do suportável
tu fez do existir pesado ofício
e não valeu o sacrifício;
foi pro saco,
virou vicio.

Piá, você é o que é,
mas não é o que queria...

Não aproveitou o dinheiro,
que logo não trouxe a felicidade,
essa imagem de paraíso, que em sua totalidade
é devaneio, é utopia,
mero desejo, que portanto não tem preço;

(a infelicidade por outro lado...
Piá, já sabe, custa caro... ).

Piá deixou de ser piá,
andou com os próprios pés,
mas por caminhos traçados...Por quem?
(não sabia).
Piá ia passando da idade
(e não sabia).
Piá perdeu a liberdade
(e não sabia).

(Rhangel Ribeiro)

Um comentário:

  1. Como se a vida fosse um carnaval, o piá ficou preso nos braços de alguma colombina.
    Abraços.

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