segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O abismo das memórias


Não aprendi com meus erros,
não me lembro de ter errado,
tenho muita coisa guardada na mente,
muita coisa que não sei pra que serve,
mas que sempre pensei que servia pra alguma coisa.

Assim são minhas memórias,
quanto mais longe, menos visíveis,
e quanto mais invisíveis, melhores;
telas em branco, esculturas sem significado
mas que ficam lindas quando cobertas de verniz!

Fábricas de loucos,
que contam e ouvem histórias
de um reino tão bonito,
que tinha aroma de alcatrão!
Onde havia palácios, ilusão, armadilhas...

Onde palhaços formavam quadrilhas
e sob lençóis de perfeição
escondiam abismos infinitos!
A confusão, o silêncio, o grito,
o romantismo perdido,
mais perto do chão.

Tenho pra mim
que as boas recordações
são assim,
 um misto de bobagens
e fantasias...
Que o único erro
bom de lembrar
é o erro do outro.

E ainda que só me reste
restos de um cobertor imundo,
quero lembrar
dos meus últimos segundos de delicias,
na delícia dos meus últimos segundos.

(Rhangel Ribeiro)



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