sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Interrogatório

Se raramente dura até o além,
se isso já não tava indo bem,
se foi quase tudo muito bom,
se a perfeição não foi um dom,
se o infinito é uma incerteza;
o que é bonito?O que é beleza?
Se já não era mais amor...
Pra que saudade?Pra que rancor?

Se foi um grande conto do vigário,
se foi um mundinho imaginário;
pra que essas canções de amor sem sal?
Pra que fazer um fim de namoro adolescente
parecer um fim do mundo, se no fundo
a gente sabe que é só um temporal?
Por que o conformismo me parece melhor?
O amor deveria ser racional
ou a única razão deveria ser o amor?

Que porcaria de poeta é esse
que não sabe nem consolar um coração ferido?
Que maravilha de poeta é esse
que prega corações partidos
como quem martela uma tábua velha?
Será que o abatimento é um degrau quebrado
em um casebre, em qualquer beira de estrada?
Será que a razão torceu o pé nessa escada
enquanto brincava de cabra cega?



E martela, e martela...
O tempo, a consciência...
Martelam,  martelam...
Até que você se de conta
que esse é um barulho inútil ,
 no meio de tanta paz,
no meio de tanto nada...


(Rhangel Ribeiro)

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