segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Junk food

Cansa, descansa, se sente culpado,
sem entender o motivo. Mas ainda está vivo.
É isso que importa!
Escreve bobagens, tarde da noite,
como quem já amou e foi desamado.
Não sai espalhando,
é triste um bocado
sentir que nada valeu a pena.

Pensa, diz, dispensa,
no que é, o que foi, o que seria.
Dorme mal, come pouco, ri menos.
Espera, espira, para.

Respira.

Abre a geladeira,
só pela luz no escuro.
Liga o rádio,
sufoca-se em si.

Fala menos.

Se escuta muito,
se interessa pouco,
mas se interessa muito
pelo que já não escuta.

Se vai
não diz um ai.
Saiu,
não disse um piu.

Esbarra nas pessoas,
olha pela janela,
tudo em movimento.
Chega ofegante.

Suporta.

Café, mais café,
liga na pizzaria,
pede qualquer Junk food,
lancha só,
em um recôndito recinto,
ressentido, combalido,
por não ser como você.

(Rhangel Ribeiro)








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