sábado, 15 de junho de 2013

Cantil

Tão avoado, a toa
cheio de remendos
e caixas de remédios...

Esse mundo é tão louco
que nos dias ensolarados
eu prefiro me deitar na sombra,

sim, eu sei
que ao sabor do vento
o tempo não voa...

Mas voam aves,
gotinhas de garoa,
asa delta,
balão...

E pensando em como fazer bom uso da solidão
penso já estar fazendo bom uso dela,
e ela, com certeza, não me abandona;
é companheira inseparável!

Mesmo eu sendo tão pouco,
só mais um louco só
como esse mundo louco,
também solitário
em um canto qualquer do universo.

Sem saber se o universo tem canto,
procuro um cantil, um descanso
para cantar poemas.

Essas abstrações
que eu não consigo decifrar
e que ninguém mais quer ouvir.

(Rhangel Ribeiro)

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