Foi até a pedra,
cruzou as pernas,
observou a ponte.
Para esquecer que é tristefoi até a ponte
e observou o rio.
O rio sussurrava para voltar atrás,
mas o atrás não existia mais,
segundo a segundo
é outro rio
e um rio mais vazio.
O tempo se revelava ilusório,
um curto espaço entre o nascer e o velório
e aqueles números que nunca erram
não sabiam mais que horas eram,
mas parecia que eram séculos e séculos,
em círculos...
Ele não sentia que sentia.
Tudo era uma grande alegoria.
E o rio lhe ofertou um abraço,
pra fracassar em esquecer o fracasso,
e afundar era mais que só cálculos e câimbras.
É certeza
não se nasce pra entender,
porque um homem vive pra morrer...
E o chão era também o céu.
E o réu era também o santo.
E o rio prosseguiu,
outro rio,
mais vazio.
(Rhangel Ribeiro)